28 de março de 2007

Será uma mulher solteira como um semáforo verde?

Acredito que sim, ou então tem alguma coisa escrita na testa só visível a homens estafermos. Acho que as mulheres solteiras devem criar alguma aura á sua volta que é invisível a elas mesmas, mas que atrai os homens á sua volta.

O assédio começa logo de manhã, a caminho do metro, um rockabilly passa por mim e manda esta boca indescritivelmente idiota, “és uma caixinha de surpresas, tirava o papel todo de embrulho” e eu com uma vontade de o esmurrar, pois apesar da hora a minha irritação não diminui. Dou mais três passos e dirigi-me para a passadeira, e ouço o famoso “óooo boa”, a minha fúria aumenta substancialmente, acho mesmo que cheguei a deixar sair por entredentes, “vai para o diabo que te carregue”.

Estou já no metro, obviamente de phones. As manhãs são muito complicadas para conseguir assimilar-me a mim mesma quanto mais ouvir outros à minha volta. Qual não é o meu espanto quando me apercebo que praticamente da outra ponta da carruagem há um tipo a olhar para mim e a sorrir com aquele ar de que “pá é cedo mas já tou com fome”, digamos simplesmente que a minha capacidade de raciocino perdeu-se para dar lugar a uma raiva cega e mergulhei simplesmente os olhos no jornal e pensei que durante os próximos minutos que durar a viagem não os irei tirar.

E isto é apenas numa manhã, digamos que chego ao final do dia com vontade de dizimar a raça masculina com tamanha falta de bom senso e de originalidade e tão estupidificantes meteduras de pata.

Será mesmo que somos nós? Libertamos alguma hormona? Alguma luz? Algum sinal, que faça os homens pensar que estamos “disponíveis para aturar os seus tristes piropos?” ou serão eles mesmos que são mentalmente pouco desenvolvidos e têm que assediar, tudo o que mexe, tem duas mamas e menos de 60 kgs e mais de 1,49m.

4 comentários:

Anónimo disse...

Creio que a autora sofre do chamado complexo interpretativo. As situações descritas configuram o habitual elogio oral desencadeado pela sua passagem pelo território de quem só espera defrontar monotonia nesse dia. O choque neurológico provocado pela aparição da autora despoleta manifestações de alegria súbita que se traduzem em comportamentos hiper-dimensionados. Nada de grave, apenas uma maneira de dizer mudaste-me o dia.

Anónimo disse...

Concordo absolutamente com este comentário. A visão repentina de uma mulher que nos é anónima molda uma reacção sem qualquer mistério. No fundo, o que queremos dizer, quando lançamos alguns comentários da época em que os mamutes eram dobrados à força do silex, é apenas és demasiado bonita para eu nunca te ter conhecido.

Anónimo disse...

Meninos!!! tsss tsss

Anónimo disse...

"E ainda dizem que as flores não andam?!"... esta sempre deu-me cabo dos nervos. Mas prestando mais atenção à frase, não deixa de ter a sua quota parte de graça. É verdade, há piropos que irritam, e mais dito na boa de certos espécimes dão cabo dos nervos. No entanto, não deixam de ser uma manifestação de que somos agradáveis ao olhar...e, exceptuando a tal irritação de andar a ser comida com os olhos, não deixa de ser um elogio à nossa beleza! I'm a girl...but I'm a girl with eyes. Não largo piropos (até porque não acho que tenha jeito para esses gracejos) mas quando me esqueço do livro para ler nos transportes públicos, não raras vezes dei por mim a entreter-me a olhar para belos (mas raros...) espécimes que se apresentam. E não me considero mentalmente pouco desenvolvida, considero-me uma pessoa que procura apreciar as belas coisas que a vida vai proporcionando. Sim, somos nós, porque somos bonitas, porque libertamos aquela "luz" que às vezes é a única que lhes passa pela frente...Os dias tendem a ser cada vez mais cinzentos e se somos aquele bocadinho de cor que ao longe lhes alegra o dia, então que seja!