Eu ainda sou do tempo em que os casais tinham sempre “uma música” que era aquela que sabiam que ao ouvir, era como se fosse sua, definia a forma como se sentiam, e demonstrava a ambos que tinham uma ligação e que até era bonita, mesmo que fosse a música de mais milhares de pessoas pelo mundo fora, era como se fosse só sua.
Havia músicas que eram ex-libris destas manifestações amorosas: “This one goes out to the one I love” dos REM, “Amor I Love you” da Marisa Monte, o “Linger” dos Cranberries, o “Black” dos Pearl Jam, ou o “november rain” dos Gun’s and Roses (e vou abserter-me de comentar o grau de foleirada de algumas das melodias aqui mencionadas).
Todas elas têm duas coisas em comum: falam de amor, mas são amargas, mesmo tristes, o que só demonstra uma coisa, que de facto o amor é bonito, tocante mas muito amargo.
Pois estas musicas tinham dois propósitos: deixar-nos com aquelas borboletas no estômago enquanto ao som delas tínhamos um sorriso estúpido no canto dos lábios enquanto nos recordávamos daquela pessoa e eram as musicas que ouvíamos quando queríamos libertar a tristeza, e a mágoa que essa pessoa nos tinha causado e chorávamos ao som das mesmas músicas que nos faziam sorrir, estranho não?
Hoje em dia, já não há canções de amor, não há poemas em comum, não há ligação. No máximo partilha-se a bebida, gostam-se dos mesmos filmes, mas pouco mais que isso.
Mas como me defino como uma pessoa contra corrente, e acredito que ainda é possível encontrar pessoas que não estão vazias por dentro, aqui vos deixo um teste, duas músicas e dois poemas, ouçam e leiam e vejam se vos lembra alguém e se vos deixa um sorriso estúpido no canto dos lábios e caso vos façam ficar tristes, tenham certeza de uma coisa, é porque essa pessoa não valia a pena!
MUSICA 1.
MUSICA 2.
POEMA 1.
É assim que te quero, amor,assim, amor, é que eu gosto de ti,
Pablo Neruda
POEMA 2.
Não posso adiar o amor para outro século
António Ramos Rosa